quarta-feira, 21 de novembro de 2012

COMO AS PLANTAS CRESCEM (Parte 6)

Determinando a idade de uma árvore

          Em plantas de regiões temperadas, onde as estações do ano são bem definidas, pode-se calcula a idade de uma árvore por meio da contagem dos chamados anéis anuais de crescimento. É preciso considerar os seguintes pontos:
  • O crescimento é intenso na primavera (em função da maior quantidade de água), lento no verão e interrompido no inverno;
  • O lenho produzido na primavera (lenho primaveril) é mais abundante que o lenho de verão (estival) (Figura 5);
                       
  • Lenhos recentes sempre ficam colocados  externamente, em relação ao lenho anterior, como consequência da ação do câmbio;
  • Entre um lenho primaveril-estival e outo, há sempre uma interrupção que corresponde ao período de inatividade do inverno;
  • Formam-se então, anualmente, círculos concêntricos, chamados anéis anuais de crescimento, no cerne e que vão até o alburno.



COMO AS PLANTAS CRESCEM (Parte 5)


Cerne, alburno e casca

                Após alguns anos de vida, o tronco de uma árvore é formado por uma sucessão de camadas. A casca, na verdade a periderme, é constituída, de fora para dentro, por súber, felogênio e feloderme (parênquima), junto da qual existe a camada de floema. A seguir, existe uma camada de câmbio e depois aparece uma camada de lenho funcional, do ano em curso. Este lenho funcional é conhecido na linguagem dos especialistas em madeira pelo nome de alburno.
                A cada ano que passa, o alburno acaba se incorporando ao cerne, assim que são formados novos vasos lenhosos, substitutos dos que paralisarão a sua atividade (Figura 4).


COMO AS PLANTAS CRESCEM (Parte 4)


O crescimento em comprimento

                O crescimento em comprimento é função dos meristemas localizados nos ápices do caule e da raiz. Na raiz, as células meristemáticas dividem-se por mitose e produzem algumas camadas de células filhas. As células que ficam nas camadas superiores se diferenciarão enquanto as inferiormente situadas permanecem meristemáticas.
                As células que se diferenciarão se alongam e empurram para baixo as meristemáticas. Estas voltam a se dividir e produzem mais células. As situadas superiormente alongam-se e empurram as meristemáticas que ficam abaixo. Assim, o meristema sempre é deslocado para a ponta.
                No caule, o crescimento em comprimento é semelhante. A diferença é que o meristema é sempre empurrado para cima pelas células da região de alongamento. Durante este empurrar de células, constantemente um grupo de células meristemáticas é deixado nas laterais do caule vindo a constituir as gemas laterais. Essas gemas oportunamente entrarão em atividade e poderão formar ramos, folhas ou flores.

O crescimento em espessura

                O caule e a raiz de muitas dicotiledôneas são capazes de crescer em espessura, transformando-se em grossos e consistentes troncos. Esse crescimento é possibilitado através da ação de dois tecidos meristemáticos, o câmbio vascular e o felogênio.
                O primeiro é responsável pela elaboração de novos vasos de xilema e de floema, por isso é chamado de câmbio vascular. O segundo é responsável pela elaboração anual do novo revestimento da árvore (do caule e da raiz), ou seja, da casca suberosa. Por isso, é também chamado de câmbio da casca. Assim, no início de sua existência, tanto o caule como a raiz apresentam a chamada estrutura primária interna especializada no transporte de substâncias. Depois, progressivamente, vai surgindo a chamada estrutura secundária que se caracteriza pela elaboração de novos tecidos a partir da atividade do câmbio e do felogênio. É importante lembrar que esta descrição não se aplica as monocotiledôneas que, de modo geral, não apresentam crescimento secundário em espessura e, nos poucos casos em que isto acontece, é feito de maneira diversa do que ocorre nas dicotiledôneas.
                Durante o crescimento em comprimento de um vegetal, regiões já diferenciadas não são deslocadas. Isto ocorre apenas com os meristemas localizados nos ápices caulinares. Assim, marcas feitas nas cascas de uma árvore deveriam, teoricamente, permanecer na mesma altura em que foram feitas em anos anteriores. Ocorre que a casca das árvores é periodicamente renovada pela atividade do felogênio. Assim, essas inscrições somente devem permanecer se forem mais profundas, até atingirem, por exemplo, o cerne do tronco de uma árvore.

COMO AS PLANTAS CRESCEM (Parte 3)


Características do meristema: mitose e diferenciação

                Um das características marcantes do tecido meristemático é a ocorrência de mitoses. É a partir das células dele originadas que são formados todos os tecidos diferenciados componentes de uma planta, por um processo conhecido como diferenciação celular (Figura 2).

                Dependendo do local em que as células meristemáticas estejam, elas poderão se diferenciar em células de revestimento, células de preenchimento, ou células condutoras. Essa diferenciação envolve, inicialmente, um alongamento da célula e, posteriormente, modificações na parede e em seu conteúdo interno.
                Durante a diferenciação, pode ocorrer que a célula permaneça em um estágio semidiferenciado. Nestas condições, ela pode sofrer uma desdiferenciação e voltar a ser meristemática (Figura 3).

               O meristema formado por desdiferenciação é do tipo secundário. Já o meristema originado a partir de células embrionárias, isto é, que permanecem meristemáticas, é do tipo primário.
                Assim, o crescimento de uma planta ocorre:
  • Em comprimento (o que envolve, também, a formação de ramos pelas gemas e nós dos caules);
  • Em espessura (do caule e da raiz de certas dicotiledôneas e gimnospermas).

Fique por dentro

Meristema primário é formado por células filhas de células embrionárias. Encontra-se nos ápices de caule e raiz, e nas gemas laterais. Meristema secundário é o que foi originado por células parcialmente diferenciadas. Encontra-se no felogênio, no câmbio e em regiões de cicatrização.


Interessante

A clonagem de plantas (tomate, abacaxi, mandioca e orquídea) é feita com a retirada e cultivo (em meios apropriados) de células meristemáticas obtidas, preferencialmente, das gemas apicais do caule.


Fique por dentro

Na raiz, constantemente, um grupo de células meristemáticas, localizadas próximo ao ápice, produz células que formarão a coifa, uma espécie de capuz protetor da ponta da raiz. Como o crescimento apical da raiz ocorre no solo, a coifa sofre um desgaste constante. Por este motivo, uma tarefa importante do meristema apical da raiz é renovar constantemente a coifa, o que redundará em seu próprio benefício.


COMO AS PLANTAS CRESCEM (Parte 2)


O meristema

                O tecido meristemático é o responsável pelo crescimento e desenvolvimento de um vegetal. As células deste tecido são vivas, indiferenciadas, pequenas, de parede fina e contêm vários vacúolos pequenos dispersos pelo citoplasma. O núcleo é grande e central.
                No embrião, todas as células são meristemáticas. À medida que vai se formando a planta adulta, os meristemas ficam restritos a certos locais do corpo do vegetal (Figura 1): os ápices do caule e da raiz; os nós e a gemas laterais do caule; no interior do caule e da raiz, em certas dicotiledôneas, formam-se verdadeiros cones (câmbio vascular e felogênio) responsáveis pelo crescimento em diâmetro desses órgãos.

                

COMO AS PLANTAS CRESCEM (Parte 1)

O começo do crescimento de uma planta

O crescimento de uma angiosperma começa a partir da germinação da semente. A hidratação da semente, por exemplo, ativa o embrião. As reservas contidas no endosperma ou nos cotilédones são hidrolisadas por ação enzimática. As células embrionárias recebem os nutrientes necessários, o metabolismo aumenta e são iniciadas as divisões celulares que conduzirão ao crescimento.
          A radícula é a primeira estrutura a emergir; a seguir, exterioriza-se o caulículo e a plântula inicia um longo processo que culminará no vegetal adulto.



REFLETINDO

Qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento?

Estes dois termos são frequentemente utilizados como sinônimos. No entanto, há uma diferença entre eles.
O crescimento corresponde a um aumento irreversível no tamanho de um vegetal, e se dá a partir de um acréscimo de células resultantes das divisões celulares mitóticas, além do aumento do tamanho individual de cada célula. De modo geral, o crescimento também envolve aumento do volume e da massa do vegetal.  O crescimento envolve parâmetros quantitativos, mensuráveis (tamanho, massa e volume).
O desenvolvimento consiste no surgimento dos diferentes tipos celulares e dos diversos tecidos componentes dos órgãos vegetais. É, certamente, um fenômeno relacionado ao processo de diferenciação celular. O desenvolvimento envolve aspectos qualitativos, relacionados ao aumento de complexidade do vegetal.
A ocorrência destes dois processos é simultânea. Um vegetal cresce e se desenvolve ao mesmo tempo.